O pensamento em jogo no I Ching é aquele do Tao ou "caminho" em chinês. O caminho em questão é aquele de todo movimento, seja este o deslocamento de lugar, a mudança das estações ou a transformação das coisas de modo geral.

O I ching não é um oráculo que diz que algo determinado ocorrerá amanhã, pois a transformação não segue uma ordem pré-estabelecida, mas se enraíza no acaso. O acaso é o princípio que atravessa todo movimento e se encontra presente a cada instante. O instante de nossa interpretação do I Ching faz assim também parte do tecido geral do mundo.

O acaso não é pensado segundo a tradição ocidental na qual ele se contrapõe à necessidade. Desde a filosofia grega, o possível pode ser real (de maneira contingente), ou necessário. O contingente é assim uma modalidade do possível, que escapa ao saber, porque este porta antes sobre o necessário (como 2 mais 2 fazem necessariamente 4).

Tomar o acaso como princípio é partir do fato que o real tem nele seu lugar, que as questões se colocam sobretudo nesse nível que naquele do necessário, e que retira do mundo e de nós todo poder de decisão.

 

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